Panorama do Mercado de Soja e Milho – 03/09/2025
Soja perde fôlego após picos de agosto, pressionada por CBOT e câmbio, mas porto paga melhor para outubro/novembro. Milho segue estável no PR e MS, sustentado pela demanda interna.

Liquidez curta na soja e demanda firme no milho: CBOT pressionada por clima favorável nos EUA e dólar mais fraco reduzem competitividade brasileira. Porto segue pagando mais para outubro e novembro.
Soja: retração após picos de agosto
O mercado da soja iniciou setembro perdendo fôlego, após registrar picos de preços no fim de agosto. Em Cascavel (PR), as ofertas caíram para R$ 134–135 por saca CIF, com retirada imediata e liquidação no fim de outubro. Indústrias do Oeste do Paraná chegam a pagar R$ 136–137, enquanto em Ponta Grossa negócios pontuais atingem R$ 138.
Nos portos, a soja disponível gira entre R$ 141–142 por saca (pagamento em até 20 dias), chegando a R$ 144 para embarques em novembro, quando há maior necessidade de cobertura.
Em Chapadão do Sul (MS), o mercado está mais frio: R$ 121 por saca FOB no disponível, com pagamento em 30 dias. Para outubro, há indicações em R$ 123–124, mas em volumes reduzidos.
A safra nova (25/26) também pesa na decisão do produtor. No Paraná, os preços giram entre R$ 134–135 por saca CIF no porto, o que equivale a R$ 124–125 no interior. Em Chapadão, as sondagens estão entre R$ 118 e R$ 120, com entrega a partir de março. Essa comparação leva muitos produtores a segurar a soja velha, apostando em um possível repique de preços.
Milho: demanda evita quedas, mas mercado segue travado
O milho mantém estabilidade, sustentado pela demanda interna. Em Cascavel (PR), os negócios continuam dentro da mesma faixa desde a colheita da safrinha: R$ 55–59 por saca FOB. No disponível curto, surgem negociações próximas de R$ 56. Para o milho verão, há sondagens em R$ 62–63, mas ainda sem volume significativo.
Segundo operadores, tanto comprador quanto vendedor evitam agressividade: o primeiro tem estoques carregados, enquanto o segundo sabe que, mais adiante, a oferta tende a diminuir devido à maior ocupação da área com soja. Esse cenário deixa o mercado travado.
Em Chapadão do Sul (MS), o quadro é semelhante, com preços parados em R$ 44 por saca FOB, repetindo os últimos dias. Para outubro, surgem ofertas de R$ 45,5–46, e para a safrinha 2026, sondagens entre R$ 47 e R$ 48.
Fatores externos: clima nos EUA e câmbio em queda
As cotações internacionais da soja em Chicago (CBOT) recuaram levemente, refletindo boas condições climáticas nos Estados Unidos e expectativa de colheita robusta. O último relatório semanal do USDA mostrou a soja em 65% de condição boa/excelente até 31/08.
Outro fator que pressiona os preços no Brasil é o câmbio. O dólar perdeu força frente ao real, reduzindo a competitividade da soja brasileira no mercado externo. Segundo operadores, cada variação de R$ 0,05 na taxa de câmbio pode impactar entre R$ 1,50 e R$ 2,00 por saca no mercado interno.
Comparativo de preços no Mato Grosso
De acordo com dados da Gama Corretora, a soja em Mato Grosso encerrou o dia 02/09 oscilando entre R$ 118,00 e R$ 127,50 por saca.
Semanal: queda de R$ 1–2 por saca em várias regiões, com exceção de Lucas do Rio Verde, que registrou leve alta.
Mensal: desde o início de agosto, houve recuo acumulado de cerca de R$ 4,00/saca, atribuído à pressão da safra americana e ao câmbio mais fraco.
Fertilizantes e relação de troca no Paraná
O custo dos insumos segue no radar. Em 2025, os preços de fertilizantes acumulam altas relevantes: ureia (+30%), MAP (+19%) e KCl (+20%), pressionados por câmbio e dinâmica global de oferta. O Paraná, maior destino das importações em agosto, concentra boa parte dessa demanda.
Indicativos de preços no interior do Paraná (03/09):
MAP 11-52: R$ 5.400–5.800/t
Ureia (46%): R$ 2.500–2.900/t
KCl (60%): R$ 2.400–2.800/t
Relação de troca (Oeste do PR):
Com soja (R$ 136–138 interior):
MAP: 39–43 sc/t
Ureia: 18–21 sc/t
KCl: 17–20 sc/t
Com milho (R$ 55–59 PR):
MAP: 92–106 sc/t
Ureia: 42–53 sc/t
KCl: 41–51 sc/t
Leitura prática: a troca melhora para quem negocia soja voltada ao porto em outubro/novembro, enquanto o milho ainda impõe uma relação mais pesada.
Conclusão
O início de setembro reforça um mercado travado: a soja perde fôlego com pressão externa (CBOT + câmbio), mas encontra sustentação nas compras de porto para outubro/novembro. Já o milho segue estável, sustentado pela demanda interna, mas sem gatilhos para rompimento de preços.
O produtor entra em setembro diante de duas prioridades: disciplinar as vendas fracionadas de soja, aproveitando janelas de porto, e avaliar pontualmente o milho frente à relação de troca com insumos, que segue desafiadora.