Panorama de Mercado da Soja e do Milho — 01/09/2025

Panorama: negociações travadas no PR e MS, fretes altos e dólar pressionam exportações. Etanol sustenta demanda e fertilizantes impactam relação de troca no Oeste do Paraná.

Panorama de Mercado da Soja e do Milho — 01/09/2025
Elaboração: CostaWeber Agrosolutions

Negociações seguem pontuais no PR e MS; fretes e câmbio travam avanços enquanto a demanda por etanol de milho desponta como fator de sustentação.

O mês de setembro começa com o mercado de grãos brasileiro ainda marcado pela cautela e por negociações pontuais em importantes praças produtoras. Soja e milho mantêm um ritmo lento de comercialização, diante da combinação de preços ajustados, pressão logística e incertezas relacionadas à formação da base de exportação.
 

Soja: vendedores resistem, mas logística pesa no Paraná e Mato Grosso do Sul

Em Ponta Grossa (PR), a semana passada terminou praticamente como começou. Negócios foram registrados a R$ 125/saca CIF para entregas em fábricas locais, enquanto no spot as indicações dos compradores se mantiveram em R$ 133/saca CIF, com retirada imediata e pagamento em setembro. Para a exportação, as ofertas chegaram a R$ 142/saca CIF Porto de Paranaguá, com embarque em 15 de setembro e pagamento no fim de outubro.

Na safra 2025/26, os compradores trabalham com valores em torno de R$ 128/saca CIF para entrega em abril e exportadores oferecem R$ 134/saca para fevereiro, com pagamento em abril. Os produtores, no entanto, pedem a partir de R$ 135/saca, refletindo a preocupação com os custos futuros de frete e eventuais gargalos logísticos.

Em Dourados (MS), o cenário é semelhante: negócios pontuais, valores desalinhados entre produtores e compradores e margens negativas no processamento de farelo. Indústrias locais já cogitam antecipar o período de manutenção previsto para dezembro. Na 25/26, as indicações se aproximam de R$ 119/saca FOB, mas os produtores esperam entre R$ 120 e R$ 122/saca.

No campo internacional, a CBOT (novembro/25) iniciou a semana ao redor de 1.053 ¢/bu, enquanto o dólar opera em torno de R$ 5,43, o que reduz parte da competitividade brasileira no mercado externo. Os prêmios no Porto de Paranaguá seguem moderados, refletindo tanto a alta nos custos de transporte como a seletividade do comprador externo.
 

Milho: oferta abundante pressiona preços, mas etanol vira “piso” do mercado

No Paraná, o milho encerrou agosto com negócios a R$ 61–62/saca FOB em Ponta Grossa, para retirada imediata e pagamento no fim de setembro. Houve ainda indicações CIF entre R$ 63 e R$ 64/saca, com entrega em setembro e pagamento em outubro, além de referências no porto de Paranaguá a R$ 66/saca CIF. Segundo corretores locais, a oferta abundante e o encarecimento do frete têm limitado o avanço dos preços.

Para a safra 2025/26, nos Campos Gerais, as ofertas se mantêm em R$ 51–52/saca FOB para retirada em fevereiro e pagamento em abril. Embora alguns negócios tenham sido fechados a R$ 64/saca ao longo de agosto, os produtores ainda buscam R$ 70/saca como referência de venda.

Em Dourados (MS), as indicações para exportação se concentram em R$ 52/saca FOB, com pagamento à vista, e R$ 54/saca para retirada em setembro e liquidação em outubro. Para a safra 2025/26, os valores também giram em torno de R$ 52/saca FOB, com retirada em julho e pagamento em agosto.

Do lado da oferta, o Deral projeta uma alta de 12,1% na área de milho verão 25/26 no Paraná, alcançando 315 mil hectares, enquanto em Mato Grosso do Sul a colheita da safrinha já chegou a 80,5% da área cultivada até 22 de agosto.

A demanda, por outro lado, encontra sustentação na expansão do etanol de milho: hoje o Brasil conta com 24 usinas em operação e mais de 30 projetos em implantação ou planejamento, o que reforça o consumo interno e ajuda a estabelecer um piso para as cotações do cereal.
 

Logística: gargalo central no preço final

Os portos do Paraná vêm registrando recordes de movimentação, mas o fluxo elevado pressiona a logística interna. O frete rodoviário subiu em agosto e continua sendo um dos principais fatores de contenção para novos negócios, tanto no milho quanto na soja. Na prática, a margem de negociação acaba se definindo menos pelo preço de Chicago e mais pela base ajustada ao custo de transporte.

 

Relação de troca: soja e milho versus fertilizantes no Oeste do PR

O cenário de fertilizantes segue pressionando o planejamento de compra para a safra 2025/26. Referências recentes indicam valores ao redor de R$ 3.198/t para KCl, R$ 5.558/t para MAP e R$ 2.941/t para SSP (preços médios nacionais apurados em agosto).

Com base nas cotações de soja a R$ 134,25/saca e milho a R$ 64,29/saca no Paraná (CEPEA), a relação de troca fica em:

Soja: ~23,8 sc/t (KCl), ~41,4 sc/t (MAP), ~21,9 sc/t (SSP).

Milho: ~49,7 sc/t (KCl), ~86,5 sc/t (MAP), ~45,7 sc/t (SSP).

Essas contas reforçam a pressão sobre o produtor de milho na aquisição de insumos, ao passo que a soja mantém maior poder de compra relativa.
 

O que observar nos próximos dias

Oscilação cambial: qualquer repique do dólar pode abrir janelas pontuais para fixações.

Frete interno: segue fator determinante na base; custos ainda elevados.

Prêmios forward da soja: monitorar oportunidades em Paranaguá.

Expansão do etanol de milho: tende a sustentar a demanda interna ao longo da safra.

Em resumo: soja e milho iniciam setembro sob forte influência da logística e da formação da base. Para a soja, o produtor resiste em vender abaixo de R$ 135/saca, enquanto no milho a abundância de oferta pressiona os preços. A demanda via etanol, porém, surge como fator de sustentação, especialmente no Centro-Oeste. Já no campo dos custos, a relação de troca com fertilizantes continua sendo ponto de atenção crucial para o produtor paranaense.

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