PANORAMA DO MERCADO DA SOJA E MILHO EM 08/10/2025

Soja reage com expectativa de pacote bilionário nos EUA, enquanto milho recua sob o peso de uma colheita recorde americana.

PANORAMA DO MERCADO DA SOJA E MILHO EM 08/10/2025
Criação: CostaWeber Agrosolutions

Soja mantém leve alta em Chicago com expectativa de pacote de ajuda nos EUA, enquanto milho recua diante de colheita acelerada e safra recorde

Os mercados de soja e milho encerraram a terça-feira (08/10) com movimentos opostos na Bolsa de Chicago (CBOT). Enquanto a oleaginosa apresentou leve valorização, sustentada pela expectativa de um pacote de apoio aos produtores norte-americanos, o milho foi pressionado pelo avanço rápido da colheita nos Estados Unidos e pela projeção de uma safra recorde.


Mercado da Soja

Os contratos futuros da soja negociados em Chicago fecharam em alta de 0,42%, com o vencimento novembro cotado a US$ 10,22 por bushel. O movimento reflete o otimismo em torno do pacote de ajuda econômica que o governo norte-americano deve anunciar nas próximas semanas para compensar perdas provocadas pelas tarifas comerciais e pela ausência de compras chinesas.

Segundo informações publicadas pelo Wall Street Journal, o valor total do auxílio deve variar entre US$ 10 e US$ 14 bilhões, sendo a soja o principal foco do programa. O presidente Donald Trump reforçou que o tema será um dos principais pontos da reunião com o líder chinês Xi Jinping, prevista para o fim de outubro.

Além disso, temores de quebra na safra americana seguem oferecendo sustentação aos preços. Relatos de campo indicam que o tempo seco nas últimas semanas prejudicou o enchimento dos grãos em importantes regiões produtoras, o que pode reduzir a produtividade em relação à estimativa mais recente do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), de 117,05 milhões de toneladas.

No entanto, a ausência de relatórios oficiais do USDA, suspensos devido à paralisação do governo norte-americano (shutdown), tem limitado a visibilidade dos investidores sobre o real andamento da colheita, contribuindo para um cenário de volatilidade moderada.

Mercado interno da soja

A comercialização da oleaginosa no Brasil segue pontual, refletindo o comportamento seletivo de compradores e vendedores.

  • Cascavel (PR): R$ 135/saca FOB (indústria), retirada imediata e pagamento em 30 dias.

  • Paranaguá (PR): R$ 140/saca CIF, mesmas condições.

  • Sorriso (MT): R$ 120/saca CIF, com entrega em novembro e pagamento em janeiro/2026.

De acordo com a Gama Corretora, a demanda interna segue firme, mas os volumes negociados ainda são limitados, com produtores aguardando melhores paridades entre dólar, CBOT e prêmios.


Mercado do Milho

No mercado do milho, os contratos futuros encerraram o dia em queda de 0,47%, com o vencimento dezembro cotado a US$ 4,1975 por bushel. O movimento refletiu o avanço rápido da colheita nos Estados Unidos, que já atingiu 31% da área total, segundo levantamento da Bloomberg, e a expectativa de uma produção recorde, estimada em cerca de 420 milhões de toneladas.

A paralisação do governo norte-americano também pesa sobre as cotações, já que relatórios fundamentais do USDA permanecem suspensos, impedindo o mercado de acompanhar o progresso de colheita e de exportações com precisão.

Por outro lado, o bom desempenho das exportações de milho dos EUA ajudou a limitar as perdas. O USDA informou que, na semana encerrada em 2 de outubro, foram inspecionadas 1,6 milhão de toneladas para embarque, volume 3,94% superior à semana anterior. Desde o início do ano comercial, em 1º de setembro, as inspeções já somam 6,71 milhões de toneladas, 56% acima do mesmo período do ano passado — o maior patamar desde 1982.

Mercado interno do milho

No Brasil, o mercado segue sustentado pela demanda das indústrias de ração, ainda que os volumes negociados sejam pontuais.

  • Cascavel (PR): entre R$ 58 e R$ 60/saca FOB, retirada imediata e pagamento em 30 dias.

  • Paranaguá (PR): R$ 64 a R$ 67/saca CIF, mesmas condições.

  • Sorriso (MT): R$ 49/saca CIF, com entrega em outubro e pagamento em dezembro.

A Gama Corretora destaca que o mercado interno se apoia na demanda industrial, mas que os vendedores continuam defensivos, atentos ao comportamento do câmbio e às oportunidades de exportação.


Análise CostaWeber Agrosolutions

Soja: o mercado segue sensível às manchetes envolvendo os EUA e a China. A expectativa por um pacote de ajuda e as incertezas climáticas mantêm o suporte, mas a falta de dados do USDA restringe o apetite dos fundos.
Milho: a pressão de safra recorde nos EUA limita altas, mas o ritmo forte de exportações mostra sustentação. No Brasil, os preços permanecem apoiados na demanda interna e nas condições de frete.


Perspectiva de curto prazo

  • Soja: o viés de curto prazo é ligeiramente altista, enquanto o mercado aguarda o pacote de auxílio e monitora o clima norte-americano.

  • Milho: o cenário é neutro a baixista, com tendência de estabilidade nas praças internas e pressão sobre Chicago.

  • Brasil: comercialização segue pontual e regionalizada, com negócios travados em bases de frete curtas e prazos de pagamento de até 45 dias.


Referências regionais no Oeste do Paraná

Na região Oeste do Paraná, o custo dos fertilizantes segue em patamar relativamente estável. O cloreto de potássio é cotado entre R$ 3.200 e R$ 3.400 por tonelada, o MAP entre R$ 4.300 e R$ 4.500/t, e a ureia na faixa de R$ 3.000/t.
A relação de troca indica necessidade média de 19 a 21 sacas de soja ou 56 a 60 sacas de milho por tonelada de fertilizante, reforçando o impacto do câmbio e da logística nos custos de reposição.


Conclusão

O mercado de grãos vive um momento de forte dependência das informações políticas e climáticas internacionais.
Enquanto a soja ganha fôlego com a expectativa de ajuda do governo americano e possíveis avanços diplomáticos, o milho segue pressionado pela oferta volumosa nos EUA.
No Brasil, o produtor atua de forma tática, priorizando vendas pontuais, de olho nas janelas de oportunidade e no custo de reposição de insumos.

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