Panorama do Mercado da Soja e do Milho – 26/08/2025

Mercados travados e produtores cautelosos: soja e milho seguem pressionados por Chicago, câmbio e colheita nos EUA, enquanto fertilizantes encarecem a relação de troca no Paraná.

Panorama do Mercado da Soja e do Milho – 26/08/2025
Criação e Elaboração: CostaWeber Agrosolutions

Panorama do Mercado da Soja e do Milho – 26/08/2025

Mercados travados e produtores cautelosos: soja e milho seguem pressionados por Chicago, câmbio e colheita nos EUA, enquanto fertilizantes encarecem a relação de troca no Paraná.


Soja: negócios travados e cautela do produtor

O mercado interno da soja segue lento em diversas regiões, com compradores e vendedores afastados em suas posições. Em Dourados (MS), segundo Amarildo Palma, da GD Corretora de Grãos, as ofertas de compradores ficaram em torno de R$ 125/sc FOB, com entrega imediata e pagamento no fim de setembro. Já os produtores pedem ao menos R$ 131/sc para considerar negócio. Para a safra 2026, as indicações chegam a R$ 118/sc FOB (fev/mar), valor considerado pouco atrativo.

No interior paulista, as referências na manhã de ontem chegaram a R$ 142/sc CIF Santos (pagamento em setembro) e R$ 144,50/sc CIF Santos (pagamento em outubro). Ainda assim, não houve vendedores. À tarde, com a queda de Chicago e do dólar, as referências recuaram cerca de R$ 2. Para a safra 2026, as indicações estão em R$ 138/sc CIF Santos, também em baixa.

A expectativa de safra melhor nos Estados Unidos, confirmada pelos primeiros números do Pro Farmer Crop Tour, adiciona pressão sobre Chicago, enquanto a disputa comercial entre China e EUA deixa o produtor brasileiro mais cauteloso.



Milho: pressão externa e ausência de negócios

No mercado de Campinas (SP), tanto para exportação quanto para o mercado interno, não houve negociações relevantes. Para exportação, os preços chegaram a R$ 65/sc CIF Santos (set/out), mas os produtores só demonstram interesse em patamares acima de R$ 70/sc. A corretora local acredita que apenas produtores com necessidade de caixa para o plantio da soja devem destravar negócios pontuais ao longo da semana.

Em Dourados (MS), o mercado permanece "patinando". As indicações de compradores estão entre R$ 49–50/sc FOB, com negócios restritos a pequenos volumes. O produtor, por sua vez, pede entre R$ 52 e até R$ 70/sc, dependendo do perfil. Para o milho 2026, as referências são de R$ 50–51/sc FOB, mas produtores só consideram venda acima de R$ 60/sc. O corretor Amarildo Palma acredita que esse mercado só deve ganhar fôlego a partir de dezembro.

A colheita do milho nos Estados Unidos aumenta a disponibilidade global e torna o Brasil menos competitivo neste momento. O câmbio, portanto, é o principal ponto de atenção dos produtores.



Fertilizantes: pressão sobre custos no Paraná

A elevação nos preços internacionais de insumos pesa nas relações de troca no Brasil. A ureia CFR Brasil gira em torno de US$ 490/t, enquanto o MAP é negociado na faixa de US$ 710–750/t e o KCl segue estável, porém firme.

Com câmbio próximo de R$ 5,40, os custos internos ficam mais elevados. No Oeste do Paraná, a conversão indica:

  • Ureia24 sacas de soja/t (base R$ 129/sc)

  • MAP36 sacas de soja/t

  • KCl18 sacas de soja/t

Esse quadro reforça a preocupação do produtor na hora de planejar o plantio da safra de verão 25/26, já que a troca se torna menos favorável e exige maior cautela na gestão comercial dos grãos.



Perspectivas

  • Soja: mercado segue travado, com produtores resistentes a preços abaixo de R$ 130/sc no interior e acima de R$ 140/sc no porto. A expectativa recai sobre movimentos do câmbio e os próximos relatórios de safra nos EUA.

  • Milho: pressão da colheita americana deve manter negócios lentos no Brasil. No curto prazo, apenas a necessidade de caixa pode destravar pontualmente o mercado.

  • Fertilizantes: a piora da relação de troca no Paraná exige estratégia. O produtor deve avaliar operações de barter com cautela, escalonando vendas de grãos e observando o dólar.


Fontes: Gama Corretora de Cereais (informações regionais), CEPEA, Pro Farmer Crop Tour, mercado internacional de fertilizantes.