Custo e Consumo de Ração na Pecuária do Oeste do Paraná: Frango, Suíno, Boi de Corte, Leite e Tilápia (27/08/2025)
Guia informativo mostra consumo de ração e custo alimentar por ciclo em frango, suíno, boi de corte, leite e tilápia no Oeste do Paraná.

Custo e Consumo de Ração na Pecuária do Oeste do Paraná: Frango, Suíno, Boi de Corte, Leite e Tilápia (27/08/2025)
O custo da alimentação continua sendo o principal fator que define a margem nas cadeias pecuárias da região Oeste do Paraná. Com o milho girando em torno de R$ 58/saca FOB Cascavel e o farelo de soja em patamares firmes no porto, os cálculos de ração seguem no centro das decisões de frango, suíno, boi de corte, leite e piscicultura.
A seguir, um panorama detalhado de como funcionam os sistemas de produção, quanto cada animal consome de ração e qual o impacto no custo por kg ou litro, com exemplos que podem ser ajustados à realidade de cada fazenda.
Frango de corte: alto volume de consumo por ciclo
O sistema predominante é o de integração com agroindústrias, em que o produtor recebe pintos de 1 dia, insumos e assistência técnica, oferecendo estrutura e manejo. O ciclo dura em média 38 a 45 dias, seguido de um vazio sanitário de até duas semanas.
Cada ave consome, em média, 4,6 a 4,8 kg de ração por ciclo. O consumo aumenta progressivamente: de 25 g/dia no início até cerca de 200 g/dia na fase final.
Um aviário comercial de 20 mil aves chega a consumir aproximadamente 90 toneladas de ração em um único ciclo. Galpões maiores, com 26 mil aves, podem demandar até 117 toneladas.
Em termos de custo, com milho a R$ 967/t e farelo a R$ 2.400/t, a ração sai em torno de R$ 1.578/t (R$ 1,58/kg). Com uma conversão alimentar (FCA) média de 1,70, o custo por kg vivo fica próximo de R$ 2,69 apenas com ração.
Suínos: consumo pesado na terminação
A suinocultura também segue o modelo integrado ou cooperativo. Após a fase de creche, o suíno entra em terminação, onde permanece 100 a 120 dias até atingir 115 a 125 kg.
Durante esse período, cada animal consome em média 240 a 245 kg de ração. Um galpão com 1.000 cabeças precisa de 240 toneladas de ração por ciclo, com pico de consumo nas últimas semanas.
Na composição típica de 60% milho, 20% farelo de soja e 20% outros ingredientes, o custo da ração gira em torno de R$ 1.620/t (R$ 1,62/kg). Com uma conversão de 2,80, o custo alimentar por kg vivo chega a R$ 4,54.
Boi de corte: confinamento exige planejamento de volumoso
No confinamento, os bois entram com 380 a 450 kg e saem com 500 a 560 kg após 90 a 120 dias. O ganho médio diário varia entre 1,3 e 1,7 kg.
Cada animal consome 1,0 a 1,1 tonelada de matéria seca no período, equivalente a 1,5 a 1,7 tonelada de ração natural. Em um curral com 500 animais, isso significa mais de 800 toneladas de alimento por ciclo.
O custo médio da dieta está na faixa de R$ 1,35/kg MS. Considerando 6,8 kg de MS para cada kg de ganho, o custo alimentar por kg ganho é de aproximadamente R$ 9,18.
Leite: dieta impacta diretamente no custo por litro
Uma vaca de 500 a 550 kg produzindo cerca de 22 litros/dia consome ~22 kg de matéria seca diariamente, divididos em silagem/pasto e concentrado.
Para uma dieta de 55% volumoso e 45% concentrado, o consumo médio é de 34 kg de silagem fresca e 11 kg de concentrado/dia.
No custo, se o concentrado está em torno de R$ 1,55/kg, o impacto é de R$ 0,42 por litro apenas com ração concentrada. Em rebanhos maiores, como 120 vacas em lactação, isso significa a necessidade de 3,9 a 4,2 toneladas de alimento natural por dia.
Tilápia: eficiência depende da conversão
Na piscicultura, o ciclo de engorda da tilápia dura de 150 a 180 dias, levando o peixe de 20–30 g até 800–1.000 g. A conversão alimentar (FCA) varia de 1,5 a 1,8, dependendo da temperatura da água e do manejo.
A taxa de arraçoamento muda conforme o peso: 5% do PV para alevinos, caindo para 1,5–2% para peixes próximos do abate.
Em um viveiro escavado de 1 hectare, com produtividade de 10 toneladas, são necessárias aproximadamente 17 toneladas de ração por ciclo (considerando FCA de 1,7).
Com ração comercial a R$ 6,80/kg, o custo alimentar por kg de peixe fica próximo de R$ 10,88.
Conclusão
Os números mostram a dimensão do peso da alimentação em todas as cadeias pecuárias. Seja no frango de corte, no suíno, no confinamento, no leite ou na piscicultura, pequenas variações de preço do milho e do farelo de soja se traduzem em milhares de reais no ciclo.
Para proteger a margem, a estratégia continua sendo escalonar compras, casar insumos com vendas (quando possível) e cuidar de perto da eficiência alimentar. Melhorias pequenas na conversão (FCA ou CA) podem significar toneladas de ração economizadas ao final de cada ciclo.