Panorama de Mercado da Soja e do Milho – 27/08/2025

Soja e milho seguem com vendas lentas no Brasil; produtor resiste a negociar. Paraná avança na colheita do milho e fertilizantes pressionam a relação de troca no Oeste do Estado.

Panorama de Mercado da Soja e do Milho – 27/08/2025
Elaboração e Criação: CostaWeber Agrosolutions

Panorama de Mercado da Soja e do Milho – 27/08/2025

O mercado de grãos segue com negociações pontuais nesta quarta-feira (27), em um cenário de cautela por parte dos produtores diante da recente queda nas cotações e da proximidade da safra norte-americana. A comercialização da soja e do milho avança de forma lenta, enquanto a colheita da segunda safra de milho no Paraná já se aproxima do fim.

Soja: produtor mantém postura defensiva

No Paraná, os preços recuaram em relação à semana anterior e reduziram o interesse em vendas. No Porto de Paranaguá, produtores pedem cerca de R$ 142 por saca CIF para entrega em setembro e pagamento em outubro, aproximadamente R$ 3 abaixo das referências anteriores. Para a safra futura (embarque em 2026), as indicações giram entre R$ 137 e R$ 138 por saca CIF, patamar que ainda assegura alguma rentabilidade, mas encontra resistência para fechamento imediato.

Em Mato Grosso, a valorização cambial deixou de impulsionar a comercialização e manteve o mercado travado em Campo Verde. As indústrias de ração ofertam em torno de R$ 127 por saca FOB, enquanto os produtores pedem R$ 130. No mercado futuro, as ofertas para embarque em fevereiro e março de 2026 variam de R$ 114 a R$ 115 por saca FOB, mas os vendedores resistem abaixo de R$ 120. Segundo corretores locais, operações de barter podem destravar parte das vendas, mas a tendência é de cautela até o final do ano.

No mercado internacional, a soja em Chicago opera pressionada pelo bom andamento das lavouras norte-americanas, com 69% das áreas classificadas entre boas e excelentes, segundo o USDA. Apesar disso, o Brasil mantém ritmo firme de exportações: a ANEC projeta embarques de até 9 milhões de toneladas em agosto, sustentando os prêmios nos portos.

Milho: liquidez em Cascavel, resistência em Mato Grosso

No Oeste do Paraná, as negociações seguem em ritmo estável. Em Cascavel, os preços giram em torno de R$ 58 por saca FOB no mercado spot, enquanto para a safra 2025/26 os compradores oferecem R$ 62 por saca FOB com entrega em março e pagamento em abril. Segundo a Granoeste Corretora, há liquidez razoável e manutenção das cotações.

Em Mato Grosso, compradores oferecem R$ 45 a R$ 46 por saca FOB no mercado imediato, mas os produtores pedem R$ 50. Para exportação, tradings indicam cerca de R$ 47 por saca FOB. Já para a safra futura, as propostas estão na faixa de R$ 48 por saca FOB (julho/agosto de 2026), enquanto os vendedores aguardam patamares acima de R$ 50 ou recorrem ao barter para insumos.

De acordo com o DERAL/Seab, a colheita do milho de segunda safra no Paraná atingiu 91% da área cultivada até o dia 25 de agosto. As produtividades, de maneira geral, permanecem próximas ao esperado, mas em alguns municípios as perdas ultrapassam 50% da produção.

No mercado de referência, o indicador Cepea/Esalq Campinas fechou a R$ 64,34 por saca na terça-feira (26). Na B3, os contratos do milho encerraram o pregão de ontem em R$ 66,12/saca para setembro, R$ 69,72/saca para novembro e R$ 71,83/saca para janeiro de 2026, refletindo expectativa positiva para os embarques brasileiros, que podem alcançar 8 milhões de toneladas em agosto, segundo a ANEC.

Custos de produção e relação de troca

Além da cautela na venda, os produtores avaliam os custos de produção para a próxima safra. No mercado internacional de fertilizantes, a ureia foi negociada a US$ 481/t CFR Brasil, o MAP a US$ 755/t e o KCl a US$ 360/t. Considerando o câmbio de R$ 5,42/US$ (PTAX de 26/08) e frete médio de R$ 160/t para o Oeste do Paraná, os preços estimados ficam em aproximadamente R$ 2.769/t para a ureia, R$ 4.258/t para o MAP e R$ 2.112/t para o KCl.

Na relação de troca, isso representa cerca de 19,8 sacas de soja ou 47,7 sacas de milho por tonelada de ureia; 30,5 sacas de soja ou 73,4 sacas de milho por tonelada de MAP; e 15,1 sacas de soja ou 36,4 sacas de milho por tonelada de KCl. Essa equivalência reforça a importância de planejar compras escalonadas de insumos, alinhadas às oportunidades de venda de grãos.

Perspectivas

O mercado de grãos segue atento à evolução climática no Brasil e ao avanço da safra nos Estados Unidos. A perspectiva de um episódio breve de La Niña gera cautela quanto à regularidade de chuvas na temporada 2025/26, especialmente no Centro-Oeste. No curto prazo, a formação dos preços deve continuar sendo guiada pelo câmbio, prêmios de exportação e ritmo da colheita no Paraná.