PANORAMA DO MERCADO DE SOJA E MILHO EM 02/10/2025

Nesta quinta-feira (02/10), os mercados de soja e milho apresentaram movimentos distintos em Chicago, influenciados tanto por fatores políticos nos Estados Unidos quanto por fundamentos de oferta e demanda. No Brasil, a comercialização segue pontual e o foco começa a se voltar para o avanço do plantio da safra 2025/26.
 

Soja
Chicago reage a fala política e fecha em alta

Os contratos de soja com vencimento novembro/25 na Bolsa de Chicago (CBOT) reverteram as perdas da sessão e encerraram em alta de 1,12%, cotados a US$ 10,13 por bushel.
A virada ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar em sua rede Truth Social que pretende utilizar receitas de tarifas para apoiar agricultores norte-americanos. Além disso, disse que a soja será um dos principais temas de sua reunião com o presidente chinês Xi Jinping, prevista para daqui a quatro semanas.

O mercado, que vinha pressionado pelo avanço da colheita nos EUA e pela ausência de compras chinesas, reagiu de forma positiva à possibilidade de retomada das negociações comerciais entre Washington e Pequim.

Outro fator relevante é a paralisação do governo norte-americano, que suspendeu a divulgação de relatórios cruciais, como as vendas semanais de exportação e o WASDE, previsto para 9 de outubro. Sem esses dados, cresce a volatilidade no mercado internacional.
 

Brasil acompanha plantio e negócios pontuais

Segundo a Conab, o plantio da safra 2025/26 alcançou 3,5% da área prevista até o último domingo (28/09), avanço de 2,9 pontos percentuais em relação à semana anterior.
No mercado físico, a comercialização segue lenta e pontual:

• Maringá (PR): tradings indicaram R$ 133/saca CIF Porto de Santos para entrega em outubro (pgto em 72h) e R$ 134/saca para pgto em 10/11.
• Campo Verde (MT): esmagadoras ofertaram R$ 122/saca FOB para outubro, mas vendedores pedem acima de R$ 125/saca, dificultando os negócios.
   

Milho
Chicago tem leve alta após relatório de estoques

Na CBOT, os contratos de milho com vencimento dezembro/25 fecharam com leve ganho de 0,24%, cotados a US$ 4,165 por bushel.
O movimento foi puxado pela mesma fala política de Trump, mas os ganhos ficaram limitados após o USDA reportar estoques de 38,91 milhões de toneladas, número acima das expectativas do mercado (33,93 Mt).

Além disso, o clima seco no Meio-Oeste norte-americano deve acelerar o ritmo de colheita nos próximos dias, enquanto a queda do petróleo reduziu a competitividade do etanol — combustível que nos EUA é produzido majoritariamente a partir do milho.
 

Mercado interno segue com negociações isoladas

No Brasil, os negócios se mantêm restritos e regionais:

• Maringá (PR): compradores indicaram R$ 59/saca CIF, acrescido de ICMS, com entrega em novembro e pagamento em 30 dias. A demanda vem principalmente de indústrias pet.
• Campo Verde (MT): indústrias de ração sustentam pequenas compras a R$ 49/saca FOB, com embarque em outubro.
   

Fundamentos de curto prazo a monitorar

• Política EUA–China: expectativa pela reunião entre Trump e Xi, com soja na pauta.
• Paralisação do governo norte-americano: ausência de dados do USDA pode ampliar a volatilidade.
• Clima no Corn Belt: aceleração da colheita de milho e soja nos EUA.
• Plantio no Brasil: avanço inicial da safra 2025/26.
• Energia: queda do petróleo e impacto sobre a competitividade do etanol nos EUA.
• Câmbio e prêmios nos portos brasileiros: determinantes para formação de preços em reais.
   

Indicativos de Praças (02/10/25)

Soja

Maringá/PR (CIF Santos): R$ 133/sc (out; pgto 72h) | R$ 134/sc (pgto 10/11)

Campo Verde/MT (FOB): R$ 122/sc (out), vendedores pedindo > R$ 125/sc

Milho

Maringá/PR (CIF + ICMS): R$ 59/sc (entrega nov; pgto 30d)

Campo Verde/MT (FOB): R$ 49/sc (embarque out)