PANORAMA DO MERCADO DE SOJA E MILHO EM 11/08/2025
Os fundamentos que importam nesta semana — clima, prêmio, câmbio e logística — explicados de forma direta para orientar timing e proteção de preço.

Panorama de Mercado – Soja e Milho 11 de agosto de 2025
Soja: preços firmes e negociações lentas
O mercado brasileiro de soja começou a semana com preços firmes, porém liquidez reduzida em diversas praças. Em Rondonópolis (MT), o disponível se mantém em R$ 130/saca FOB para embarque imediato e pagamento até o fim de agosto, segundo a Gama Corretora. Cerca de 90% da safra 2024/25 já foi comercializada, o que limita a oferta no curto prazo.
Para a safra 2025/26, as negociações seguem travadas. Compradores no MT indicam R$ 118–120/sc, enquanto produtores pedem próximo de R$ 125/sc.
No Paraná, Paranaguá opera no CIF agosto entre R$ 141–144/sc, e Guarapuava no FOB entre R$ 131–134/sc. A diferença de R$ 2–3/sc entre pedidas e ofertas tem retardado os negócios. Para setembro, Paranaguá registra R$ 139/sc (CIF) e Guarapuava R$ 130/sc (FOB).
No exterior, a soja na CBOT negocia em torno de US$ 10/bu, com pressão do clima favorável às lavouras nos EUA (69% em condição boa/excelente, USDA). Em contrapartida, a demanda chinesa segue aquecida: 11,67 milhões t importadas em julho (recorde para o mês). O Brasil deve exportar 8,1–8,5 milhões t em agosto (ANEC).
Milho: liquidez no MT, impasse no PR
O mercado físico de milho registrou boa movimentação em Rondonópolis (MT), com preços estáveis. Indústrias e exportadores indicaram R$ 53–54/sc FOB para embarque imediato (pagamento em até 15 dias). No terminal ferroviário local (TRO), negócios entre R$ 50–51/sc FOB para embarque em agosto. A participação do produtor foi expressiva, atendendo mercado interno, exportação e usinas de etanol. Safra 2026 segue sem liquidez no MT.
No Paraná, as negociações permanecem travadas. Em Guarapuava, o FOB varia entre R$ 55–58/sc, enquanto no porto de Paranaguá o CIF oscila de R$ 63–65/sc. Pedidas de até R$ 70/sc FOB e ofertas industriais raramente acima de R$ 70/sc CIF impedem avanços. Para setembro, indicações em R$ 54/sc FOB (Guarapuava) e R$ 62/sc CIF (Paranaguá).
Externamente, o milho na CBOT (Set/25) negocia próximo de US$ 4,05/bu, pressionado pelo clima positivo nos EUA (72% bom/excelente, USDA). No Brasil, a ANEC projeta 6,8–7,2 milhões t embarcadas em agosto; o Indicador CEPEA/ESALQ Campinas fechou R$ 57,21/sc em 08/08.
Fundamentos que podem influenciar decisões
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Câmbio (referência hoje: R$ 5,43/US$) – Com o dólar neste patamar, a paridade de exportação permanece atrativa e tende a sustentar preços internos de soja e milho. Movimentos do câmbio têm efeito imediato nas curvas de preço:
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Acima de R$ 5,40 → melhora margens de exportação e pode destravar lotes;
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Abaixo de R$ 5,10 → reduz paridade e tende a aumentar a seletividade de compra.
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Clima nos EUA – A manutenção de condições favoráveis tende a limitar altas em CBOT; qualquer estresse hídrico ou geada tardia pode elevar prêmios e futuros rapidamente.
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Demanda chinesa – Ritmo forte nas importações em 2025 dá piso para a soja; mudanças no crescimento ou política de estoques da China podem ajustar o apetite.
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Prêmios de exportação no Brasil – Prêmios estáveis/positivos (soja) e firmes (milho) indicam apetite externo; recuos apontam arrefecimento da procura.
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Custo de capital e carregamento – Com Selic elevada, carregar estoque sem hedge encarece; vale comparar o custo financeiro com oportunidades de fixação de preço/prêmio e câmbio.
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Logística – Janela de embarque, disponibilidade ferroviária/portuária e fretes afetam preço líquido ao produtor e timing de fechamento.
Perspectivas
A combinação de demanda externa sólida e prêmios estáveis tende a sustentar os preços da soja no curto prazo, embora o clima positivo nos EUA limite ganhos na CBOT. No milho, a liquidez no MT dá sustentação, enquanto o desalinhamento de preços no PR mantém o mercado travado. Câmbio em R$ 5,43 é hoje o principal vetor de suporte à paridade — qualquer mudança brusca pode reprecificar rapidamente as curvas.