PANORAMA DO MERCADO DE SOJA E MILHO 08/08/2025

Negociação de soja e milho emperra no Brasil. Descubra por que o produtor está dizendo “não” à indústria — e como isso pode virar o jogo nos próximos meses.

PANORAMA DO MERCADO DE SOJA E MILHO 08/08/2025
Patrocínio e Elaboração: CostaWeber Agrosoluções

Panorama do Mercado de Soja e Milho – 08/08/2025

Por CostaWeber Agrosolutions


Visão Geral

O mercado brasileiro de grãos iniciou o mês de agosto em compasso de espera, com negociações lentas tanto para a soja quanto para o milho. A combinação entre fundamentos internacionais pressionados, câmbio firme e expectativas climáticas futuras vem mantendo os produtores cautelosos, enquanto compradores – em especial indústrias e tradings – resistem a ceder em suas propostas, criando um cenário de “braço de ferro” nas principais praças do país.


Soja: Câmbio sustenta preços, mas mercado segue travado

Nas regiões produtoras dos Campos Gerais (PR) e Dourados (MS), a comercialização da soja segue lenta. Segundo relatos dos corretores Adriano dos Santos (SafraSul Corretora) e Amarildo Palma (GD Corretora), os produtores têm segurado os estoques remanescentes da safra 2024/25 à espera de melhores preços, ainda impulsionados pelas incertezas geradas pelo pacote tarifário dos Estados Unidos.

“O produtor está atento ao impacto das tarifas sobre a soja e prefere aguardar. As fábricas estão bem abastecidas, e os poucos negócios que saem são para exportação”, destaca Santos.

Nos Campos Gerais, os preços indicados giravam em torno de R$ 134/sc CIF para entrega imediata, subindo para R$ 136 (setembro) e R$ 138 (outubro). Já as tradings que operam no Porto de Paranaguá indicavam até R$ 140/sc FOB para embarque em outubro.

Em Dourados (MS), o cenário é semelhante: compradores ofertando R$ 122–127/sc, enquanto o produtor mantém a pedida mínima em R$ 130/sc. A liquidez baixa reflete também o fluxo financeiro oriundo da colheita do milho, que reduz a pressão de venda da soja.

No mercado futuro, referente à safra 2025/26, há forte resistência nas vendas antecipadas. As fábricas indicam R$ 130/sc CIF com entrega em março e pagamento em abril de 2026, mas o produtor prefere esperar.

Contexto global e dólar compensam Chicago

Internacionalmente, os contratos futuros em Chicago (CBOT) seguem pressionados. O vencimento novembro/25 opera abaixo de US$ 9,70/bu, diante das boas condições das lavouras norte-americanas e revisão altista nos estoques dos EUA. No entanto, o câmbio elevado – com o dólar na casa de R$ 5,54 – combinado aos prêmios positivos no Brasil, sustenta a rentabilidade de operações voltadas à exportação.


Milho: entre frete caro, escassez regional e disputa por preço

No mercado do milho, a dinâmica segue semelhante à da soja, mas com alguns agravantes logísticos. Em Ponta Grossa (PR), onde não há safrinha e os estoques são curtos, o produtor tenta aproveitar sua posição estratégica próxima das indústrias para pedir preços mais altos, de R$ 65 a R$ 70/sc FOB. No entanto, compradores mantêm ofertas na faixa de R$ 55–56/sc, resultando em paralisação quase total dos negócios.

“Negócios só rodam se o comprador aceitar pagar o frete do milho vindo do norte do Paraná. Aqui, o produtor está segurando firme”, afirma Adriano dos Santos.

Em Dourados (MS), o mercado também enfrenta lentidão. Os poucos lotes que giram estão vinculados a contratos de exportação previamente firmados. Compradores indicam R$ 50/sc, mas os produtores pedem no mínimo R$ 53/sc. Na prática, muitos ainda estão focados na colheita e não mostram apetite por vendas antecipadas.

No milho futuro, referente à safra verão 2025/26 e safrinha 25/26, os compradores indicam R$ 65–67/sc (verão/PR) e R$ 52–54/sc (safrinha/MS), mas produtores seguem reticentes, com pedidas acima de R$ 70 e R$ 60, respectivamente.

Chicago pressionado, mas Brasil mantém atratividade

O contrato dezembro/25 na CBOT está sendo negociado próximo a US$ 4,13/bu – uma das cotações mais baixas dos últimos anos. Ainda assim, o dólar acima de R$ 5,55 e prêmios internos positivos mantêm a viabilidade das exportações. A colheita de milho no Brasil avança com expectativa de produção recorde, mas os estoques de passagem mais apertados e o alto custo do frete têm valorizado o milho próximo das indústrias.


Estratégias e recomendações

Diante do atual cenário, a CostaWeber recomenda:

Para produtores:

  • Realizar travas parciais com preços mínimos interessantes (R$ 134+ na soja, R$ 55+ no milho)

  • Avaliar estratégias de proteção com opções de compra (calls), que permitem manter participação em movimentos de alta

  • Armazenar volumes estrategicamente e aguardar janela de valorização nos próximos 30–60 dias

  • Considerar operações de barter indexadas ao dólar e diferimento de receita via CPR-F para otimização tributária

Para compradores (indústria/exportador):

  • Cobrir necessidade de curto prazo com foco em originação regional

  • Utilizar contratos com cláusula logística (frete incluso)

  • Monitorar prêmios e dólar para travar arbitragem de exportação quando viável


Perspectiva

O mercado de grãos vive um momento de incerteza estratégica. Por um lado, os fundamentos internacionais sugerem continuidade da pressão sobre as cotações em Chicago. Por outro, o câmbio firme, o custo logístico elevado e os efeitos climáticos potenciais do La Niña no verão 25/26 podem rapidamente mudar o rumo do mercado nos próximos meses.

Neste cenário, o produtor que souber dosar proteção de margem com manutenção de flexibilidade sairá na frente.


Para saber mais sobre estratégias de hedge, comercialização, barter e gestão tributária no agro, entre em contato com a CostaWeber Agrosolutions.