Panorama do Mercado de Soja e Milho 08/09/2025

Chicago pressionada por ampla oferta, dólar a R$ 5,41 limita preços no Brasil. Liquidez travada no PR e MS, porto dita referência. Inclui análise da relação de troca de fertilizantes no Oeste do Paraná.

Panorama do Mercado de Soja e Milho 08/09/2025
Elaboração: CostaWeber Agrosolutions

O mercado de grãos iniciou a semana em clima de cautela, com produtores defensivos e compradores seletivos. No cenário internacional, as cotações em Chicago seguem pressionadas pela ampla oferta global e pela fraca demanda norte-americana, enquanto no Brasil os prêmios de exportação em Paranaguá continuam dando sustentação, ainda que o câmbio mais fraco limite a formação de preços internos.

Soja: Porto sustenta, mas câmbio e Chicago reduzem ímpeto

Os contratos da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) oscilaram em torno de US$ 10 por bushel nesta segunda-feira (08), reflexo da concorrência brasileira e da ausência de compras expressivas por parte da China nos Estados Unidos. A ampla oferta prevista para a safra americana reforça a pressão baixista.

No câmbio, o dólar encerrou a última sexta-feira (05) em R$ 5,41, após dados fracos do mercado de trabalho norte-americano aumentarem a expectativa de cortes de juros nos EUA. A valorização do real reduziu a competitividade da soja brasileira e retirou parte do suporte aos preços internos.

No Paraná, exportadores chegaram a pagar R$ 140 por saca no início da semana passada, com retirada e pagamento em novembro. No entanto, na sexta-feira não houve negócios, e as indicações no balcão recuaram para R$ 125 por saca. Para contratos de outubro e novembro, ofertas a R$ 140 seguem no radar, mas com baixa liquidez, já que o produtor mantém postura defensiva.

Em Mato Grosso do Sul, a comercialização também é lenta. Apenas uma venda relevante foi registrada a R$ 130 por saca FOB, com entrega imediata e pagamento ao fim do mês. As demais indicações permanecem em torno de R$ 125 por saca, mesmo após a queda do frete de R$ 340 para R$ 250 por tonelada rumo a Paranaguá.

Para a safra 2025/26, as negociações avançam lentamente. No Paraná, os vendedores pedem cerca de R$ 135 por saca CIF posto em fábrica, enquanto compradores oferecem entre R$ 130 e R$ 133. Em Mato Grosso do Sul, as ofertas giram entre R$ 117 e R$ 118 por saca FOB para retirada em fevereiro e pagamento em março, mas produtores só aceitam vender acima de R$ 120.

Milho: Interior travado, porto dá o tom

No mercado de milho, a liquidez também é baixa. Em Chicago, o cereal recuou para US$ 3,95 por bushel nesta segunda-feira (08), acompanhando a boa evolução da safra americana e o quadro global de oferta confortável.

No Brasil, o indicador CEPEA apontou R$ 64,70 por saca em Paranaguá na abertura da semana. Em Dourados (MS), compradores e exportadores ofertam entre R$ 51 e R$ 53 por saca FOB, enquanto vendedores pedem de R$ 58 a R$ 60. Há registros pontuais de negócios a R$ 55 por saca, com pagamento imediato ou no fim de novembro. Para a safra 2025/26, as indicações seguem em R$ 51 por saca, sem fechamento de contratos.

Em Ponta Grossa (PR), as indústrias compram de forma pontual, com vendedores pedindo entre R$ 62 e R$ 63 por saca FOB. Houve rumores de compradores oferecendo os mesmos valores, mas com pagamento em 75 dias, condição que não atraiu os produtores. No porto, o milho chega a R$ 66 por saca CIF, com entrega em outubro e pagamento em novembro.

O excesso de oferta doméstica, aliado ao câmbio mais fraco e à pressão da safra norte-americana, mantém o produtor brasileiro retraído e os compradores seletivos. O porto segue sendo a principal referência para as negociações de curto prazo.

Fertilizantes e relação de troca no Paraná

Além dos grãos, o mercado de insumos também chama atenção. No Paraná, especialmente no Oeste, os preços estimados dos fertilizantes permanecem elevados: ureia e cloreto de potássio (KCl) giram em torno de R$ 2,1 mil por tonelada, enquanto o MAP (fosfatado) alcança aproximadamente R$ 4,9 mil por tonelada, já considerados os custos logísticos de frete até as principais praças.

A relação de troca mostra maior desafio para o MAP: são necessárias 35 a 36 sacas de soja por tonelada para aquisição do insumo, contra cerca de 16 sacas no caso da ureia e do KCl. Para o milho, a conta é ainda mais pesada, exigindo até 76 sacas por tonelada de MAP.

Conclusão

O mercado de soja e milho nesta segunda-feira (08/09) apresenta sentimento de cautela: produtor defensivo, comprador seletivo e liquidez reduzida no interior. A formação de preços continua atrelada ao câmbio, à referência de Chicago e, sobretudo, ao porto, que segue ditando os limites para novos negócios. Ao mesmo tempo, o custo elevado dos fertilizantes reforça a necessidade de gestão cuidadosa de insumos e de estratégias de comercialização mais cautelosas para a safra 2025/26.

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