PANORAMA DO MERCADO DE SOJA E MILHO 18/08/2025
Soja entra a semana firme com prêmios quentes e demanda externa ativa, enquanto o milho trava no PR e encontra sustentação das usinas no MT. No radar de 18/08/2025: CBOT, câmbio perto de 5,40 e janelas de exportação — veja onde estão as oportunidades de hoje.

Os números desta segunda (18/08) estão apoiados por três vetores: (i) China consumindo mais soja e alongando compras no Brasil, mantendo prêmios portuários elevados; (ii) USDA redesenhando o balanço de milho nos EUA com safra recorde, o que pressiona Chicago, mas abre espaço para fluxo exportador brasileiro em agosto; (iii) demanda doméstica crescente por etanol de milho e biodiesel/óleo sustentando bases em polos industriais. Esse pano de fundo, combinado a um câmbio R$5,40, explica por que vemos soja firme no PR e milho travado entre pedidas e ofertas.
Por que os prêmios da soja estão firmes?
China comprando do Brasil na janela “dos EUA”: tradings reportaram que compradores chineses fecharam ~8 mi t para setembro e ~4 mi t para outubro todas oriundas da América do Sul, deslocando a demanda da originação norte-americana. Isso ocorre em meio à trégua tarifária EUA-China prorrogada por 90 dias, mas com tarifas ainda vigentes, deixando o produto dos EUA menos competitivo na margem.
Importações recordes: a China importou 11,67 mi t em julho (recorde para o mês) e deve seguir acima de 10 mi t em agosto/setembro — sustentando prêmios portuários no Brasil.
Paranaguá: o prêmio médio em julho ficou perto de US$ 1,25/bu, bem acima de 2024; isso amortece quedas de Chicago e sustenta as bases no PR.
Exportações brasileiras em agosto (ANEC)
Milho: a projeção subiu para ~7,97 mi t em agosto, acima da estimativa anterior (7,58 mi t) e do volume de 2024, mostrando que a janela de exportação está ganhando tração.
Soja: a faixa indicada pela ANEC foi 8,5–9,09 mi t para agosto (com ajustes possíveis conforme line-up/porto), reforçando fluxo robusto no mês.
USDA & Chicago: o que mudou no milho
O USDA elevou área e produtividade nos EUA e passou a estimar safra recorde de 16,7 bi bu com 188,8 bpa — o choque de oferta levou o mercado a mínimas de 5 anos na semana passada.
Na tela, CZ25 (dez/25) opera ao redor de ¢402/bu hoje; o settlement de 15/08 foi ¢405,25.
A leitura do USDA também eleva uso para etanol em 25/26, mas o tamanho da safra ainda pesa na curva.
Safrinha 2025 (Brasil): colheita e pressão sazonal
A AgRural indicou 88% da colheita no Centro-Sul até 07/08, avanço semanal de 7 p.p. — com MT perto do fim. Essa velocidade mantém pressão logística/armazenagem em várias praças.
Demanda doméstica no MT: etanol de milho como “piso” regional
Segundo a UNEM, o etanol de milho já responde por ~20% do etanol consumido no Brasil e deve crescer com novas biorrefinarias no Centro-Oeste — isso ancora demanda de milho em polos como Rondonópolis.
A previsão 2025/26 da UNEM aponta 9,9–10 bi L de etanol de milho, ampliando a competição por grão e a oferta de coprodutos (DDG/DDGS).
Política de biocombustíveis: a mistura E30 (gasolina com 30% etanol) e B15 (15% biodiesel) foi aprovada para vigorar a partir de 1º de agosto/2025, o que sustenta o crush (óleo/farelo) e consumo de etanol.
Câmbio: faixa e impacto na paridade
O USD/BRL trabalha próximo de 5,40; na semana passada oscilou entre 5,386–5,450, banda que tem moderado a paridade de exportação.
Conab: base de oferta brasileira 24/25
A Conab estima a safra de grãos 2024/25 em 345,2 mi t, com recordes em soja e milho — pano de fundo para o fluxo exportador forte em 2025.
Fertilizantes no PR (ênfase Oeste) — como chegamos às faixas
Ureia (CFR Brasil): o contrato futuro (CBOT) fechou ~US$ 478/t em 15/08; no spot global (TE), a ureia estava ~US$ 442/t. Com FX ~5,40 + custos (porto, ICMS, logística interior), isso fecha a conta nos R$ 2.8–3,2 mil/t no Oeste do PR.
MAP: a S&P Global (Platts) lançou em 07/08 avaliação CFR Brasil por regiões; reportes de mercado na 1ª semana de agosto mostravam MAP a US$ 640–645/t em Rondonópolis (ex-originação local). Ajustando frete/tributos ao PR, chegamos a R$ 4,4–5,0 mil/t.
KCl: referências de início de 2025 apontavam CFR Brasil ~US$ 410–440/t; com FX e custos, o PR fica ~R$ 2,6–2,9 mil/t — número compatível com balizas regionais recentes.
Nota metodológica: transformamos US$/t → R$/t com o câmbio citado e adicionamos custos médios até o interior do Oeste do PR; daí derivamos a relação de troca em sacas/t usando as cotações locais da Gama (soja e milho) publicadas no panorama.