Panorama do Mercado de Soja e Milho 17/09/2025
O mercado de soja e milho segue estável nesta quarta-feira (17), com negócios pontuais nas praças do Paraná e de Mato Grosso.
O mercado brasileiro de grãos iniciou a quarta-feira (17) em clima de estabilidade, com negócios pontuais nas principais praças acompanhadas pela Gama Corretora de Cereais. O cenário reflete uma combinação de fatores externos como a colheita da safra norte-americana e a volatilidade cambial e internos, marcados pela postura cautelosa dos produtores e pela atuação seletiva das indústrias.
Soja
No Oeste do Paraná, em Cascavel, corretores relatam que negócios de exportação vêm ocorrendo diariamente, ainda que em volumes pontuais. As tradings ofertam R$ 142 por saca CIF Porto de Paranaguá, com entrega e pagamento em 30 dias, enquanto as indústrias trabalham a R$ 136 CIF no mesmo prazo. Produtores, por sua vez, mantêm suas ofertas em patamares acima de R$ 140, aproveitando a sustentação do câmbio e dos prêmios.
Em Campo Verde (MT), a realidade também é de negociações restritas. Os preços giram entre R$ 126 e R$ 130 FOB, dependendo das condições de pagamento, mas a disponibilidade de soja ainda nas mãos dos produtores, cerca de 25% da safra, reduz a pressão de venda. As indústrias permanecem retraídas, e a exportação é quem garante suporte às cotações.
Safra 2025/26
As negociações da nova safra seguem praticamente paralisadas. No Paraná, as tradings oferecem entre R$ 135 e R$ 136 CIF Paranaguá para março de 2026, mas os produtores resistem em negociar abaixo de R$ 140. Em Mato Grosso, as indicações giram entre R$ 111 e R$ 112 CIF, com entrega entre fevereiro e abril de 2026, enquanto a melhor proposta FOB chega a R$ 118 por saca, com embarque em junho e pagamento em julho.
Cenário internacional
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos de soja operam próximos a US$ 10,45/bushel, mantendo-se dentro de um intervalo técnico estreito, entre US$ 10,42 e US$ 10,53. O avanço da colheita norte-americana e a ausência de novas compras volumosas pela China têm limitado movimentos mais expressivos de alta.
No câmbio, o dólar ronda R$ 5,29, em um dia de grande expectativa com a decisão do Copom no Brasil e também de atenção às sinalizações do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos.
Milho
No mercado de milho, a estabilidade predomina. Em Cascavel (PR), negócios com indústrias de ração ocorrem entre R$ 58 e R$ 60 FOB, com retirada no armazém do produtor e pagamento em 30 dias. Para exportação, as tradings trabalham entre R$ 56 e R$ 57 FOB ou R$ 64 a R$ 65 CIF Porto de Paranaguá, nos mesmos prazos.
De acordo com corretores da região, os preços estão alinhados às pedidas dos vendedores e as margens positivas da cadeia de carnes têm facilitado as vendas.
Em Campo Verde (MT), as negociações permanecem lentas. Os compradores mantêm ofertas em R$ 49 FOB, com pagamento à vista após embarque, enquanto as indústrias de etanol indicam R$ 49,50 por saca para retirada em 30 de outubro. A ausência de propostas para exportação reforça o cenário de excesso de oferta e da disputa entre compradores e vendedores.
Safra 2025/26
No Paraná, as indústrias indicam R$ 62 FOB, com entrega após a colheita e pagamento em 30 dias. Em Mato Grosso, as tradings projetam R$ 49 CIF, com entrega em julho e pagamento apenas em setembro de 2026. Produtores seguem mais preocupados com o plantio do que com fechamento de negócios neste momento.
Condições de safra
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), a colheita da segunda safra 2024/25 no Paraná alcançava 98% da área cultivada até 15 de setembro. A produtividade está dentro do esperado e a qualidade considerada boa, apesar de perdas localizadas por geadas e déficit hídrico. Entre as lavouras remanescentes, 42% apresentam boas condições, 36% médias e 22% ruins.
Fertilizantes e relação de troca
Os preços internacionais de fertilizantes apresentaram ajustes na virada da quinzena de setembro. A ureia recuou no mercado CFR Brasil, acompanhando uma demanda mais fraca, mas no acumulado do ano ainda acumula alta próxima a 30%. Cloreto de potássio (KCl) e MAP (fosfatado) se mantêm relativamente estáveis.
No Oeste do Paraná, os custos seguem elevados, pressionando a relação de troca:
- Ureia: entre 15 e 17 sacas de soja por tonelada, ou 36 a 40 sacas de milho;
- KCl: entre 13 e 14 sacas de soja, ou 32 a 33 sacas de milho;
- MAP: entre 30 e 32 sacas de soja, ou 72 a 76 sacas de milho.
Produtores devem avaliar negociações caso a caso, especialmente quando há possibilidade de travas parciais com barter, aproveitando picos de prêmios e câmbio.
Conclusão
O panorama desta quarta-feira mostra um mercado de grãos equilibrado, mas sem grandes movimentos. A soja encontra sustentação nos prêmios e no câmbio, enquanto o milho segue com preços estáveis, sustentados pelo consumo da cadeia de proteína animal e pela exportação em algumas praças.
No horizonte, a colheita americana, as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos e a evolução da relação de troca com fertilizantes devem seguir como os principais direcionadores de preço para os próximos dias.





















