Panorama do Mercado de Soja e Milho 16/09/2025: Negócios travados e Oferta ampla

O mercado de grãos iniciou a semana em compasso de espera. Tanto a soja quanto o milho apresentaram um cenário de negócios travados, com vendedores firmes em preços mais altos e compradores cautelosos diante de ampla oferta e fatores externos que limitam o avanço das cotações. O relatório do USDA, a movimentação em Chicago e a desvalorização do dólar frente ao real reforçam o ambiente de lentidão.
 

Soja: físico travado e expectativa contida

No mercado interno, a comercialização da soja disponível segue pontual. Em Campinas (SP), não houve negócios internos na segunda-feira (15). Para exportação, vendedores indicam R$ 150/saca CIF Santos (embarque set/out; pgto nov), enquanto compradores trabalham a R$ 143/saca nas mesmas condições.

Segundo corretoras, o produtor está retraído após o relatório do USDA que trouxe estimativas de safra maiores nos Estados Unidos. Chicago chegou a cair após a divulgação, mas voltou ao terreno positivo, o que reforçou a cautela do vendedor. A expectativa é de pouca oscilação ao longo da semana.

Em Primavera do Leste (MT), o quadro é semelhante: esmagadoras ofertam R$ 128/saca FOB com retirada e pagamento em outubro, enquanto produtores pedem valores acima de R$ 130/saca. Resultado: sem negócios.

Safra 2025/26

• Santos: indicações entre R$ 133–134 CIF (embarque fev/pgto mar). Produtor, no entanto, busca R$ 130 “na mão” nas cooperativas e cerealistas, o que implica porto acima de R$ 140 para fechar contas.
• MT: compradores chegam até R$ 115/saca, enquanto vendedores só aceitam acima de R$ 120/saca (CIF/FOB, fev/26).
   

Milho: oferta ampla pesa no físico

Em Campinas (SP), o milho também não teve registro de negócios. Os vendedores pedem R$ 60/saca FOB (retirada imediata; pgto à vista/30d), enquanto compradores trabalham a R$ 58/saca. Para exportação, a referência está em R$ 67/saca CIF Santos (embarque out; pgto nov). As indicações permanecem estáveis em relação a semanas anteriores, mas o produtor resiste em vender.

A ampla oferta no Brasil e nos EUA reforça a pressão baixista. Segundo corretoras, produtores que seguraram o grão esperando preços melhores e têm contas a pagar em setembro deverão vender “no preço que tiver”.

Em Primavera do Leste (MT), compradores ofertam R$ 49/saca CIF ou FOB (out), enquanto vendedores pedem R$ 51/saca. A exportação não tem dado suporte aos preços locais e, segundo agentes, o único gatilho capaz de movimentar o mercado seria a alta do dólar.

Safra 2025/26

• Campinas/porto: tradings indicam R$ 68,50 CIF (jul/26) ou R$ 69 CIF (set/26), mas não há fechamento.
• MT: indústria reduziu propostas de R$ 50 para R$ 48/saca (CIF/FOB, jul/26), sem negócios. Vendedores ainda não fixam preços, aguardando o andamento do plantio da soja para definir a janela do milho.

Plantio no Centro-Sul

Segundo a AgRural, o plantio da primeira safra 2025/26 alcançou 17% da área estimada até 12/09, contra 12% na semana anterior e 19% no mesmo período de 2024/25. O avanço está concentrado nos três Estados do Sul, de acordo com a umidade disponível.

Análise e Perspectivas

Soja: mercado disponível segue lento; exportação trava na diferença comprador × vendedor; câmbio fraco pressiona. Para a safra 25/26, o descompasso entre indicações do porto e expectativas do produtor mantém os negócios parados.

Milho: ampla oferta global e real valorizado seguram preços internos. O câmbio aparece como principal gatilho para destravar negociações. Safra nova com preços em queda reforça postura de espera do produtor.

Resumo: o dia é de cautela e paciência. Tanto soja quanto milho encontram dificuldade para fechar negócios no físico, e o câmbio, aliado a Chicago, segue sendo o fator-chave para definir oportunidades nas próximas semanas.