Panorama do Mercado de Milho e Soja 29/08/2025
Paraná projeta alta de 12% na área de milho verão e Mato Grosso do Sul avança com colheita da safrinha. Confira também preços de fertilizantes e relação de troca no Oeste do Paraná.

Produtor segura oferta e mercado segue em ritmo lento; Paraná projeta mais milho verão e MS avança com a colheita da safrinha
As negociações de soja e milho permanecem lentas no Brasil, com o produtor mostrando resistência em aceitar os preços oferecidos pelos compradores. No caso da soja, os negócios são pontuais, enquanto o milho encontra sustentação em vendas restritas e no comportamento do câmbio e da demanda interna.
Soja: liquidez restrita, produtor resiste às ofertas
No Paraná, os negócios de soja têm girado em torno de R$ 140 por saca CIF Porto de Paranaguá, com entrega imediata e pagamento em outubro. Já as ofertas de R$ 138/sc FOB, para embarque imediato e pagamento em 30 dias, não têm atraído vendedores.
Em Rio Verde (GO), a distância entre compradores e produtores também trava a originação: enquanto os compradores ofertam R$ 130/sc FOB, os vendedores pedem até R$ 140. Segundo corretores da região, a retomada das vendas deve ocorrer quando as ofertas alcançarem R$ 135/sc.
No mercado internacional, os contratos de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) trabalham ao redor de US$ 10,44/bu, enquanto o dólar comercial encerrou o dia 28/08 cotado a R$ 5,41. Essa combinação tem ajudado a sustentar a base de preços no Brasil, mesmo com a proximidade da colheita nos Estados Unidos, onde 69% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, segundo o USDA.
As exportações brasileiras seguem firmes. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) estima embarques de até 9 milhões de toneladas de soja em agosto, além de mais de 2,2 milhões de toneladas de farelo.
Milho: vendas pontuais e curva futura na B3 indica preços firmes
O mercado de milho também opera de forma pontual. Em Guarapuava (PR), negócios com destino a compradores de Santa Catarina têm sido fechados a R$ 67/sc CIF, com entrega imediata e pagamento em até 15 dias. Já em Rio Verde (GO), as indicações variam entre R$ 50 e R$ 51/sc FOB, com embarque em setembro.
Na B3, o milho futuro fechou em R$ 65,09/sc para setembro, R$ 69,00/sc para novembro e R$ 71,33/sc para janeiro/26. Em Campinas (SP), o indicador Cepea/Esalq ficou em R$ 64,26/sc em 28/08.
No cenário externo, o milho para dezembro/25 em Chicago opera em torno de US$ 4,11/bu, refletindo expectativa de boa safra americana, com 71% das lavouras em boas ou excelentes condições.
Safras no Brasil: Paraná amplia milho verão; MS avança com a safrinha
O Departamento de Economia Rural (Deral/Seab-PR) divulgou as primeiras projeções para a safra 2025/26 no estado: a área de milho verão deve crescer 12,1%, alcançando 315 mil hectares. A produção esperada é de 3,22 milhões de toneladas, um aumento de 5,5% em relação ao ciclo anterior.
Já em Mato Grosso do Sul, a Aprosoja/MS e o Sistema Famasul indicam que a colheita da safrinha atingiu 80,5% da área até 22 de agosto, o equivalente a 1,692 milhão de hectares. A produção está estimada em 10,199 milhões de toneladas, crescimento de 20,6% frente à safra anterior, com produtividade média de 80,8 sc/ha.
Fertilizantes: preços e relação de troca no Paraná
Os fertilizantes seguem em patamares elevados, pressionando a relação de troca para o produtor. No porto brasileiro (CFR), as referências estão em torno de US$ 481/t para ureia, US$ 755/t para MAP e US$ 362/t para KCl, convertidos para reais ao câmbio de R$ 5,41.
Considerando fretes médios de Paranaguá para diferentes regiões do Paraná, os custos CIF chegam a aproximadamente:
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Ureia: entre R$ 2.746 e R$ 2.816/t;
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MAP: entre R$ 4.230 e R$ 4.299/t;
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KCl: entre R$ 2.102 e R$ 2.171/t.
Na relação de troca, isso significa:
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Ureia: de 19 a 20 sacas de soja ou 43 sacas de milho por tonelada;
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MAP: cerca de 30 sacas de soja ou 67 sacas de milho;
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KCl: de 15 sacas de soja ou 33 sacas de milho.
O Oeste do Paraná, principal polo agrícola da região, apresenta custos próximos ao teto desses valores, em função do frete mais elevado.
Conclusão
O cenário de hoje confirma um mercado travado pela postura do produtor, que segue segurando as vendas em busca de preços mais atrativos. No caso da soja, a sustentação vem da combinação de câmbio firme e demanda externa ainda aquecida. Para o milho, a curva de preços na B3 aponta para patamares estáveis a levemente firmes, mesmo com boas perspectivas de safra nos Estados Unidos e aumento da área no Paraná.
O acompanhamento do câmbio, do andamento da colheita norte-americana e do comportamento da demanda interna seguirá decisivo para orientar os próximos movimentos de comercialização.